A mãe não é a única figura de
protecção. Hoje considera-se que não existe uma predisposição biológica
específica de vinculação com a mãe biológica. Se nos animais inferiores o
comportamento maternal é determinado por mecanismos hormonais, nos animais
superiores as aprendizagens anteriores têm um papel importante na manifestação
de comportamentos adequados relativamente às crias, como o provam as
experiências de Harlow com primatas. Além disso, a injecção de prolactina na
hipófise de ratos machos, desencadeou neles comportamentos característicos nas
fêmeas.
No ser humano, conhecem-se alguns
processos hormonais que indicam algumas expressões do comportamento maternal. A
prolactina, segregada pela hipófise, estimula a produção de leite pelas
glândulas mamárias. A ocitocina, produzida pelo hipotálamo e libertada pela
hipófise, é responsável pelas contracções uterinas e pela libertação do leite.
O estrogénio e a progesterona são responsáveis pelo aumento das glândulas
mamárias e pela inibição, durante a gravidez, da libertação de prolactina.
Contudo, o comportamento maternal está marcado por factores sociais e
culturais.
O tema em análise está orientado
para dois tópicos intimamente ligados: a figura materna e as relações de
vinculação do bebé à mãe. Uma das questões que gera alguma controvérsia é o
facto de entender o conceito de mãe numa perspectiva biológica, a designada mãe
biológica, com a qual o bebé estabelece uma vinculação também ela com
características biológicas. Estudos entretanto desenvolvidos mostram que o bebé
estabelece laços de vinculação com a pessoa mais próxima e permanente que cuida
preferencialmente dele, que responde de forma mais adequada às suas
necessidades.
Se bem que algumas competências
exigidas a uma mãe para criar e educar uma criança se relacionem com a
biologia, a maior parte delas são desenvolvidas por aprendizagem no seio social.
Portanto, em termos psicoafectivos, mãe é todo e qualquer adulto significativo
que dispõe de tempo para dedicar à criança, proporcionando-lhe experiências
positivas e estimulantes e dispensando-lhe atenção e afecto. Há agentes
maternantes, como as mães de substituição, o pai, outros familiares e outros
elementos sociais que desempenham esse papel, funcionando como figuras de
vinculação.
Quanto à relação entre vinculação
e desenvolvimento social e emocional, pode dizer-se que a vinculação dos bebés,
tanto humanos como primatas, em relação às mães pode ser vivida de modo
gratificante, ou penoso. Experiências com primatas e observações de seres
humanos levaram ao estabelecimento de uma relação directa entre o
desenvolvimento social e emocional e a vinculação, designadamente a nível sexual
e maternal. A relação mãe-filho deve estar baseada em sentimentos geradores de
confiança, para que os bebés se sintam aptos a estabelecer novos e benéficos
contactos sociais.
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